História de Lagos
Lagos tem uma longa história que remonta à era pré-romana, quando a região era habitada pelos celtas e mais tarde pelos fenícios que nela estabeleceram um importante entreposto comercial.
Foi depois conquistada pelos romanos no Sec. II a.c. durante as guerras púnicas que transformaram Lagos numa zona agrícola e num importante porto comercial, a cidade era conhecida como “Lacobriga” e fazia parte da província romana da Lusitânia conforme comprovam as várias ruínas romanas ainda visíveis hoje, como o antigo balneário e as muralhas da cidade.
Com a conquista árabe no Sec. VIII, Lagos tornou-se parte do Califado Omíada da Península Ibérica e foi renomeada “Al-Zawaia” continuando a ser um grande entreposto comercial com base na atividade agrícola nas facilidades portuárias e nos seus novos habitantes mouros e judeus que estabeleciam as ligações comerciais com o sul da península e o restante mundo árabe.
A conquista de Lagos por D. Paio Peres Correia ocorreu em 27 de julho de 1241, durante a Reconquista cristã da Península Ibérica. D. Paio Peres Correia, um nobre português e um dos cavaleiros mais destacados da Ordem de Santiago, liderou uma expedição militar para capturar a cidade de Lagos, que estava em posse dos mouros desde o século IX.
A batalha de Lagos foi uma das mais importantes da Reconquista portuguesa, pois representou a libertação de uma cidade estratégica na costa sul de Portugal, permitindo o avanço das forças cristãs em direção ao Algarve. A vitória de D. Paio Peres Correia também consolidou o domínio da Ordem de Santiago na região, o que foi fundamental para a expansão territorial do reino de Portugal.
Paio Peres Correia ficou conhecido como o “O Leão do Algarve” devido à sua bravura e habilidade como líder militar. Ele continuou a lutar contra os mouros em várias batalhas e expedições durante a Reconquista, contribuindo para a expansão do território português no sul da Península Ibérica.
A partir do século XV, Lagos tornou-se um importante centro de comércio e exploração marítima, sendo o local de partida de várias expedições portuguesas durante a Era dos Descobrimentos. O famoso navegador português, Gil Eanes, partiu de Lagos em 1434 numa expedição que viria a dobrar o Cabo Bojador, abrindo caminho para as rotas comerciais marítimas entre a Europa, a África, a India e o Brasil.
O Infante D. Henrique, também conhecido como “O Navegador”, foi um príncipe português do século XV que desempenhou um papel importante na expansão marítima de Portugal e na exploração do Atlântico. Entre as várias cidades portuguesas que tiveram alguma ligação com o Infante D. Henrique, Lagos, no Algarve, é uma delas.
Lagos foi um importante centro de navegação e comércio no século XV e o Infante D. Henrique estabeleceu um porto e uma escola de navegação na cidade. Essa escola era conhecida como a Escola de Sagres, embora atualmente se acredite que ela possa ter sido em outro local. A escola tinha como objetivo formar marinheiros e cartógrafos capazes de explorar novas rotas e descobrir novos territórios.
O Infante D. Henrique também financiou várias expedições de exploração, incluindo a viagem de Gil Eanes em 1434, que dobrou o cabo Bojador, na costa africana, e a viagem de Diogo de Silves em 1427, que explorou as ilhas da Madeira e Porto Santo.
Em Lagos, há um monumento ao Infante D. Henrique, localizado na praça que leva o seu nome. O monumento foi construído em 1960 e é uma homenagem ao príncipe que desempenhou um papel fundamental na história de Portugal e da navegação.
Entre os Sec. XVI e XIX Lagos esteve tristemente ligada ao mercado de escravos que foi extinto em 1836, quando a escravidão foi oficialmente abolida em Portugal. Hoje em dia, o antigo mercado de escravos de Lagos é um importante monumento histórico e é considerado um local de memória da escravidão em Portugal.
Podia ter omitido este facto que como português não me orgulha, e sobre o qual aproveito para pedir desculpa aos familiares dos meus irmãos africanos que passaram pela experiência, mas, a análise da história dos povos serve para aprender, e não repetirmos erros e por isso nunca devemos “varrer a areia para debaixo do tapete para fingir que o chão está limpo”.
Conforme podemos observar pelo que já escrevi antes as condições naturais que transformam Lagos num porto de fácil acesso e que atraiu e fixou as mais diversas civilizações que dominaram as épocas também atraiu um autêntico flagelo que tornou Lagos numa cidade mártir, os Piratas que foram visita frequente até finais do Séc. XIX.
Para além de ter sido pilhada e incendiada diversas vezes por esses visitantes indesejados muitos habitantes locais foram raptados, transformados em escravos e vendidos nas praças do Norte de Africa, sem querer arranjar desculpas, a escravatura não foi uma invenção dos portugueses e infelizmente existe até hoje.
Os ataques dos piratas à cidade de Lagos no Algarve remontam ao período dos Descobrimentos, durante os séculos XV e XVI. Na época, Lagos era um importante porto de partida para as expedições marítimas portuguesas, que buscavam explorar novas rotas comerciais e descobrir novos territórios.
Os ataques dos piratas ao porto de Lagos eram frequentes e geralmente envolviam a captura de navios e tripulações, bem como o saque de bens e mercadorias. Os piratas mais comuns na região eram os mouros, que vinham do norte da África, e os corsários franceses e ingleses, que lutavam contra os interesses portugueses no comércio marítimo.
Para se proteger desses ataques, a cidade de Lagos construiu uma série de fortificações, como a Fortaleza da Ponta da Bandeira, o Forte da Meia Praia e o Forte de São Luís. Essas fortificações ajudaram a deter muitos dos ataques dos piratas, mas não impediram completamente os saques e as capturas.
Hoje em dia, os vestígios desses ataques podem ser vistos na arquitetura da cidade, que apresenta uma mistura de estilos defensivos e comerciais. A cidade de Lagos também tem um Museu Municipal, que inclui exposições sobre a história marítima da região e os ataques dos piratas.
O Terramoto de 1755 foi um dos maiores desastres naturais da história de Portugal e teve um grande impacto na cidade de Lagos e no Algarve. O terremoto ocorreu em 1º de novembro de 1755 e foi seguido por um tsunami e vários incêndios que causaram muita destruição e mortes.
Em Lagos, muitos edifícios foram destruídos, incluindo a igreja matriz, o castelo, o hospital e muitas casas particulares. O tsunami que se seguiu causou ainda mais destruição, atingindo a costa do Algarve e destruindo muitas vilas costeiras.
De acordo com relatos históricos, o terramoto foi sentido em todo o sul de Portugal, bem como em partes da Espanha e do norte da África. Estima-se que o tremor tenha atingido uma magnitude de cerca de 8,5 a 9 na escala Richter.
O terramoto de 1755 teve um impacto profundo na sociedade portuguesa e foi um evento significativo na história de Portugal. O país teve que se reconstruir após a destruição causada pelo desastre e muitos esforços foram feitos para melhorar a arquitetura e a infraestrutura do país a fim de se preparar melhor para possíveis desastres naturais no futuro.
O terramoto teve uma influência decisiva no atual edificado da cidade de Lagos que continua a ter um rácio muito baixo de construção em altura, no entanto o centro histórico manteve a influência muçulmana com as suas ruelas estreitas de casas brancas e frescas com praças cheias de vida.
Ainda a recuperar do terramoto Lagos foi um dos alvos da invasão francesa. As tropas francesas chegaram a Lagos em 25 de novembro de 1808, e foram recebidas com alguma resistência pelas forças portuguesas que defendiam a cidade. No entanto, os franceses conseguiram tomar a cidade e impuseram um saque brutal, que durou vários dias. O episódio ficou conhecido como o “Saque de Lagos”.
Durante o saque, os soldados franceses cometeram várias atrocidades, incluindo o assassinato de civis, o roubo de bens e a destruição de propriedades. A população de Lagos sofreu muito com as consequências do saque, e o episódio acabou por deixar uma marca na história da cidade e da região.
Durante o século XIX, Portugal passou por um período de grande agitação política e social, com conflitos entre as forças conservadoras e as forças liberais. Lagos foi um centro importante de atividade liberal na região do Algarve, com muitos líderes locais defendendo reformas políticas e sociais.
Uma das figuras mais proeminentes desse movimento foi Diogo da Silva César, que liderou a revolta liberal em Lagos em 1820. Sob sua liderança, as forças liberais assumiram o controle da cidade e estabeleceram um governo provisório.
No entanto, a luta pela independência portuguesa continuou por muitos anos, com confrontos entre as forças liberais e conservadoras em todo o país. A batalha de Lagos, em 1833, foi um dos últimos grandes conflitos da guerra civil portuguesa, e resultou na vitória das forças liberais.
O terramoto, as invasões francesas e as lutas liberais empobreceram muito a região fazendo com que o inicio de Séc. XX muitos algarvios tivessem de emigrar e imigrar situação que só se inverteu coma chegada do turismo nos anos sessenta desse século
O Turismo e as atividades relacionadas mudaram por completo o panorama económico de Lagos que é hoje uma cidade moderna assente no seu património natural intemporal com uma incrível qualidade de vida e um futuro radioso.
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