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O topónimo Algarve (pronuncia-se [aɫˈɡaɾv(ɨ)) e tem a sua origem na expressão árabe الغرب (Albe) que significa “o oeste”, “o ocidente”
Vestígios encontrados e analisados em Sagres e Silves, provaram que a atividade humana na região algarvia existe pelo menos desde o Neolítico, embora seja bem provável que a influência humana, tenha acontecido antes.
Devido às excelentes condições de habitabilidade oferecidas pela região, esta foi sendo povoada por diferentes povos que por cá iam ficando, até serem invadidos por outros povos, que impunham pela força das armas aos conquistados, a sua autoridade, transmitindo-lhes novos valores e conhecimentos, na situação limite de, ou se adaptavam e integravam, ou pura e simplesmente desapareciam, não deixando assim legado algum para a posteridade. Este processo de constante transformação, e naturalmente com muitas variantes, curiosamente manteve-se até aos dias de hoje, criando assim um Algarve culturalmente muito especial e cosmopolita, que se pode considerar estar integrado no conceito da Alma Portuguesa, descrita e anunciada pelo grande poeta português, Fernando Pessoa. Assim, todos os povos contribuíram para a rica multiculturalidade algarvia; mas foram os Romanos, os Árabes, os Judeus e particularmente os Portugueses, os que mais influência tiveram e continuam a ter, nos diferentes aspetos da vida da região, tornando-a única no país, nos parâmetros que a definem ser diferente de todas as outras regiões.
126 anos depois da fundação da Nacionalidade pelo Tratado de Zamora em 1141, no reinado de D. Afonso III em 1267 é assinado o Tratado de Badajoz que finalmente reconhece a soberania portuguesa sobre a região; tendo sido o Algarve a última parcela a ser anexada ao território português, passando o Reino a partir desta data, a ser denominado de Portugal e dos Algarves.
Desde 1267 até aos nossos dias, a região do Algarve teve altos e baixos, tal como o país a que orgulhosamente pertence; mas nunca deixou de desempenhar papéis de relevo, principalmente durante a Epopeia da Expansão Marítima Portuguesa, que apresentou novos mundos ao mundo, tornando mundialmente conhecido o Promontório de Sagres. De referir, que para além de toda a questão logística que implicava uma façanha desta dimensão, a maior parte das tripulações que embarcava nas caravelas, eram pescadores algarvios, recrutadas entre gente com poucos ou nenhuns recursos, e muitas vezes à força.
Porém, em 1755 um tenebroso terramoto seguido por um enorme tsunami arrasou a região, provocando um grande número de mortos e devastando grande parte das povoações. Este trágico acontecimento, em conjunto com as invasões francesas, as lutas liberais, as peripécias do fim da monarquia, e a implantação da república, empobreceram tremendamente o país, particularmente o Algarve, que por estar isolado geograficamente e muito longe de Lisboa, foi deixado à sua sorte.
Até à década de sessenta do século vinte, a economia da região esteve baseada, no litoral: à pesca e à indústria conserveira. No interior: à agricultura. E quer uma, quer outra, com rendimentos muito baixos. Facto que levou muita gente a ver-se forçada a ir trabalhar para o Alentejo, Lisboa ou a emigrarem para a Europa, Brasil e Argentina.
Mas a espetacular e inigualável beleza natural que atraiu os diferentes povos para a região do Algarve, funcionou também para os primeiros turistas britânicos, que no início dos chamados anos sessenta acima citados, tinham de voar para Lisboa e depois fazerem uma longa e penosa viagem de automóvel até ao Algarve, porque o aeroporto de Faro só foi inaugurado em 11/07/1965. Estes primeiros turistas, estavam habituados a viajar um pouco por todo o mundo e, alguns famosos como Cliff Richard ou Paul McCartney, com a sua notoriedade mundial ajudaram a promover o Algarve como destino para umas férias paradisíacas, juntamente com a já citada construção do aeroporto de Faro e o surgimento das primeiras unidades hoteleiras.
Com o Algarve possuidor de uma beleza natural incrível e bastante diversificada, com um clima sub tropical, com habitantes acolhedores e que sabem receber quem chega, foram reunidas as condições para o aparecimento e crescimento da indústria turística, que iria impulsionar a economia da região, e com ela, todas as atividades imobiliárias que ultrapassaram em receitas o próprio turismo.
Como consequência deste enorme desenvolvimento, todas as cidades cresceram imenso, com destaque para Albufeira que tem a maior capacidade hoteleira da região. A curto prazo, surgiram outras cidades feitas de raiz, como Vilamoura, Quinta de Lago ou Vale de Lobo, bem como todo o tipo de infraestruturas de apoio a atividades físicas e de lazer, com destaque para os campos de golfe, distinguidos como dos melhores do mundo.
Todo este crescimento e sucesso, foi impulsionado pela referida e portentosa beleza natural da região algarvia, que inclui algumas das mais belas praias do mundo. Beleza natural que urge preservar com critério concertado, reconhecendo e não ultrapassando os limites de uma diversidade racial e cultural, que é imperioso também proteger, porque isso irá conduzir seguramente toda a região do Algarve, à tolerância e equilíbrio desejado, ajudando a manter a situação que muito nos orgulha como portugueses, de sermos um dos países mais seguros do mundo.